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NOV
14
14 NOV 2018
SAÚDE
Respeito ao nascimento no CMI de Contagem
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Eram 15h48 do dia 6 de novembro de 2018 quando Caio Augusto nasceu em um parto na água, modalidade em que a mulher pode parir dentro da água e o bebê, chegar ao mundo por meio aquático, bem como estava no útero materno. Parece coisa de primeiro mundo, mas a descrição é de um nascimento que aconteceu no Centro Materno Infantil (CMI) Juventina Paula de Jesus, a Maternidade Municipal de Contagem.

O parto de Caio ocorreu em uma das seis salas de Pré-parto, Parto e Puerpério (PPP) do CMI. As salas de PPP são um ambiente em que as gestantes podem contar com enfermeiras obstetras, o auxílio de doulas e métodos para auxílio da dor não-farmacológicos.

A mãe de Caio Augusto, Sabrina Ribeiro Amaral, 23 anos, moradora do bairro Estaleiro, em Vargem das Flores, conta que fez o pré-natal na unidade de saúde do bairro e que queria ter parto normal. “Fui orientada pela equipe e até dançar, para aliviar a dor, eu dancei, não usei medicação. Na minha outra gravidez (tem outro filho, de seis anos) também foi parto normal, mas teve soro (intervenção para acelerar o trabalho de parto) e era todo mundo junto. Aqui foi individual. Eu conheci a maternidade com uma amiga que já havia estado aqui. Gostei e vim. O atendimento foi rápido e fui muito bem atendida”, diz a guerreira mãe de Caio, uma mulher que teve seu segundo filho em um parto na água, em um mundo em que o nascer está cada vez mais institucionalizado e medicado. Junto ao pai da criança e seu companheiro, Hebert. Junto à mãe Sabrina estavam a enfermeira obstetra Ana Cristina Leite e a técnica de enfermagem Daniele Furtado. Marta Miranda, a gerente do setor, também esteve por perto, acompanhando esse e outros partos. Na retaguarda, a equipe de médicos do Complexo Hospitalar de Contagem (CHC). De lembrança, no papel, uma imagem da placenta que nutriu o bebê por cerca de nove meses. Lembra a figura de uma árvore. A árvore da vida!

A história do nascimento de Caio Augusto está na contramão do modelo predominante e tradicional na obstetrícia do Brasil, ainda centrado na figura do médico obstetra e cheio de intervenções, embora o Ministério da Saúde (MS) venha incentivando a incorporação da enfermeira obstétrica nas equipes hospitalares desde o início da década de 2000.  Pesquisas apontam que essa incorporação contribui para a melhoria da assistência no parto e à redução no uso das intervenções e das cesáreas desnecessárias, que ainda caracterizam a assistência obstétrica no país.

De acordo com o Sistema Universidade Aberta do SUS (UNA-SUS), a Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta para o Brasil como sendo um dos líderes mundiais em realização de cesáreas, com mais da metade dos nascimentos no país sendo realizada por meio desse procedimento. No ano de 2015, a OMS emitiu declaração em que afirma que, após a condução de estudos científicos, concluiu que as cesáreas são efetivas para salvar vidas de mães e crianças, quando bem indicadas e feitas em ambiente seguro, mas também fez uma advertência quanto aos riscos inerentes a esse procedimento cirúrgico.

Diz o documento: “Quando realizadas por motivos médicos, as cesarianas podem reduzir a mortalidade e morbidade materna e perinatal. Porém, não existem evidências de que fazer cesáreas em mulheres ou bebês que não necessitem dessa cirurgia traga benefícios. Assim como qualquer cirurgia, uma cesárea acarreta riscos imediatos e a longo prazo. Esses riscos podem se estender muitos anos depois de o parto ter ocorrido e afetar a saúde da mulher e do seu filho, podendo também comprometer futuras gestações (disponível AQUI)

Abertura de mais leitos, contrariando a tendência de fechamento

A história das salas de PPP do CMI, por sua vez, também anda na contramão da tendência atual, no qual maternidades públicas são ameaçadas de fechamento e leitos de internação em pediatria clínica são desativados em todo o país, como na tradicional maternidade Sofia Feldman, referência em Minas Gerais e no Brasil, que teve mais de um terço de seus leitos de UTI fechados neste ano de 2018.

Em janeiro de 2017, no primeiro mês da atual gestão à frente do Complexo Hospitalar de Contagem (CHC), que engloba o CMI e o Hospital Municipal (HMC), havia apenas duas salas de PPP. Todavia, já no mês seguinte, em fevereiro de 2017, foram disponibilizadas mais quatro salas, totalizando seis salas de PPP no CMI encontradas atualmente.

Oferta de analgesia no trabalho de parto

Mas... e se Sabrina Ribeiro Amaral quisesse tomar anestesia? Afinal, sempre que houver condições clínicas, a pessoa mais apropriada para definir qual é o limite das dores do parto é a própria gestante. Poder contar com a anestesia fortalece o protagonismo da mulher nas suas escolhas quanto aos procedimentos que deseja ou que quer evitar durante o trabalho de parto.

No CMI a Sabrina poderia, sim, tomar a analgesia se ela quisesse. Entretanto, nem sempre foi dessa forma: somente em agosto de 2017 o CMI passou a oferecer analgesia durante o trabalho de parto. Antes de agosto do ano passado, não era dada à mulher a escolha de optar ou não pela anestesia se o seu trabalho de parto era considerado “normal” e sem intercorrências, ficando o oferecimento da anestesia restrito a certos casos.

Para que fosse possível ofertar analgesia no parto normal, a atual gestão ampliou a equipe de anestesiologistas e investiu em insumos necessários, como cateteres. Graças a essa ação, após avaliação de riscos e benefícios pela equipe médica, a mulher que deseja pode solicitar a anestesia durante o trabalho no Centro de Parto Normal (CPN) da maternidade de Contagem. O CPN é a ala para onde são encaminhadas as gestações de baixo risco e onde Sabrina teve seu parto na água.

A gestora do CMI, Cristiane Rosalina Oliveira Pereira, comenta o impacto das ações de gestão e investimentos que contribuíram para essas mudanças: “Quando assumimos a gestão, o prédio não era funcional e estava só aparentemente pronto. Foram necessárias várias reformas em vários sistemas, contratações e mudanças em processos e escalas de trabalho. Mantivemos o diálogo permanente com os profissionais que aqui trabalham e investimos e conduzimos mudanças para que o CMI pudesse prestar serviços com segurança para todos. Hoje, existe um CMI capaz de ofertar assistência de qualidade à mãe e ao bebê”, afirma a gestora.

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